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Saiba sobre as mais novas pesquisas na área de andrologia, urologia e medicina sexual2 Simple
Fotos: Samir Rodrigues
Devido à pandemia de COVID-19, os suprimentos médicos ficaram escassos. Em vários países do mundo, como na Itália, Holanda e outros, tivemos a falta de equipamentos para a proteção dos profissionais de saúde. Isto se refletiu em uma elevada taxa de contaminação destes profissionais. No Brasil, seguimos o mesmo caminho.
Para tentar solucionar este problema o Dr. Alexandre Miranda foi um dos criadores da ação SOS3DCOVID19 (www.sos3dcovid19.com.br), juntamente com engenheiros, professores e alunos universitários, para produzir de forma voluntária e gratúita equipamentos de proteção individual (EPI).
Inicialmente o Dr. Alexandre Miranda ajudou na produção de face shields, criados com impressão 3D. Porém cada unidade demorava em média 2h para ser impresso. Por este motivo o Dr. Alexandre Miranda se pôs a desenvolver um novo face shield, criado apenas com corte de PETg. Este tem a vantagem de ser criado de forma industrial, em larga escala.
Face Shield impresso em 3D
Mas não bastava apenas ter uma boa idéia, era preciso uma doação significativa de recursos, para viabilizar a produção em larga escada. O Dr. Alexandre Miranda então conseguiu uma parceiria com o instituto COI (Centro de Oncologia Integardo – http://institutocoi.org). Este financiou a produção de 10.000 unidades, que foram doadas ao SUS.
Face Shield 2-Simple (fácil de montar e com apenas 2 peças)
Doação das primeiras 2.500 unidades do 2 Simple
A vasectomia aumenta o número de relações sexuais
Data: 31 de agosto, 2015 / Autores: David P. Guo MD*, Remy W. Lamberts MD and Michael L. Eisenberg MD
Trabalho publicado no Journal of Sexual Medicine analisando a relação entre vasectomia e frequência sexual.
Homens que consideram realizar a vasectomia, como forma de contraceptivo, podem apresentar ansiedade quanto à sua futura potência sexual . Como resultado os casais acabam optando por outras forma de contraceptivo, com eficácia menor.
Este trabalho tenta desvendar se há relação entre a realização da vasectomia e o número de relações sexuais realizadas pelo casal após o procedimento.
Foram analisados 351 homens que realizaram vasectomia. Os resultados demonstraram que o número de atos sexuais realizados por casais, após a vasectomia, é maior do que de casais onde o homem não fez vasectomia.
A conclusão é que a vasectomia faz com que o casal tenha uma maior frequênia sexual.
O volume da próstata pode impactar na função sexual masculina após vaporização fotoseletiva da próstata (Green Light)
Int Urol Nephrol . 2013;45: 961–966.
Neste trabalho os autores avaliaram se o tamanho da próstata a ser operada pode influenciar a ereção dos pacientes. Sabemos que a vaporização da próstata com o Laser Green Light acaba sendo demorada, quando o tamanho da próstata é elevado. Isto significa muito mais energia e calor no local da ablação, podendo comprometer os nervos que fazem a ereção.
128 pacientes participaram do estudo. Eles foram alocados em 2 grupos. O primeiro com pacientes que apresentavam uma média de peso prostático < 70g e o segundo com peso > 70g. Eles responderam um questionário validado para avaliar a função prostática (IIEF-5) antes da cirurgia e depois de até 2 anos.
Depois de 2 anos de acompanhamento o grupo que possuia uma próstata < 70g obteve uma ereção de melhor qualidade do que os que tinham volumes maiores que 70g.
Este estudo mostrou que os pacientes com próstatas maiores que 70g, tratados com LASER green light, apresentam uma influência negativa na função sexual (ereção) a partir dos 6 meses.
Segurança Clínica e Eficácia da Injeção da Colagenase Clostridial Histolítica (Xiaflex) em Pacientes com Doença de Peyronie: Fase 3 estudo Open-Label.
Journal of Sexual Medicine. 2015;12: 248-258.
Mais um bom trabalho sobre o uso do Xiaflex.
347pacientes participaram do estudo. Eles receberam até 8 injeções de xiaflex e foram seguidos por 36 semanas
A curvatura média inicial era de 53o. Após 36 semas de acompanhamento a curvatura média final foi de 34.7o, isto representa uma melhora de 18,3o (ou 34,4%) da curvatura peniana.
Sabemos que o efeito placebo (uso de soro fisiológico no lugar do Xiaflex) cria uma melhora de 18,2% da curvatura (Gelbard M, et al. J Urol. 2013 Jul;190(1):199-207). Desta forma se nós utilizar-mos o xiaflex em um paciente com 45o de curvatura ele irá ter um resultado final de 29,5o de desvio (melhora de 34,4%). Se nós utilizar-mos soro fisiológico (placebo) no lugar do xiaflex o resultado será de 36,8o de desvio (melhora de 18,3%). Para ajudar na visualização do resultado Xiaflex vs. Placebo coloco uma imagem com os resultados previamente citados ao final deste texto.
Como poder ser visto na figura abaixo, o uso do Xiaflex não parece ter feito uma diferença tão grande para o placebo. Embora exista forte evidência científica de que o Xiaflex funcione melhor do que o placebo, não me parece que ele retifique de forma efetiva as curvaturas penianas, principalmente em casos mais graves (> 60o).
Temos de lembrar também que a medicação tem um custo elevado. Nos Estados Unidos cada dose custa em média $3.300,00 por aplicação. Isto quer dizer que em 8 aplicações o custo final do tratamento será de $ 26.400,00.
Ainda não temos a medicação liberada para uso no Brasil.
Teste Randomizado fase II Avaliando a Função Erétil após Tentativa de Poupar o Nervo Cavernoso com Enxerto Sural, Unilateralmente versus Sem Poupar, na Prostatectomia Radical para Câncer de Próstata Clinicamente Localizado
European urology. 2009;55: 1135-43.
Trabalho importante, de excelente qualidade para avaliar a eficácia da recuperação da ereção, após a cirurgia para câncer de próstata, utilizando um enxerto de nervo sural (da lateral da perna) para “religar” o nervo que gera a ereção.
107 pacientes participaram do estudo. Eles eram sorteados para 2 grupos. O primeiro recebia o enxerto com o nervo sural (66 pacientes)e o segundo não recebia (41 pacientes).
Depois de 2 anos de acompanhamento 71% dos pacientes que receberam o enxerto tinha uma ereção peniana adequada; enquanto no grupo que não recebeu o enxerto o número foi 67%.
Este estudo mostra que não há melhora da ereção com a realização desta cirúrgia nos pacientes, além do aumento no tempo cirúrgico (O tempo médio para realizar a colocação do enxerto é de 164 minutos).
Eficácia clínica, segurança e tolerabilidade da colagenase clostridial histolítica (xiaflex) no tratamento da doença de Peyronie em 2 grandes estudos duplo-cegos, radomizados, controlados, na fase 3.
J Urol. 2013 Jan 30. pii: S0022-5347(13)00227-9. doi: 10.1016/j.juro.2013.01.087. [Epub ahead of print]
Mais um trabalho publicado com o uso do xiaflex. Os resultados preliminares continuam mostrando que ele resolve muito pouco a tortuosidade peniana.
Os pacientes foram divididos em dois grupos nestes estudo. Um grupo recebia injeção no pênis de xiaflex e o outro recebia injeção de soro fisiológico (placebo).
O grupo que recebeu o xiaflex tinha uma média de tortuosidade de 50,1o de curvatura e ao fim de 52 semanas de tratamento (8 aplicações) apresentavam uma curvatura de 33,1o; já os indivíduos do segundo grupo apresentavam uma tortuosidade inicial de 49,3o e ao final do tratamento ela era de 40o.
A conclusão é que o xiaflex reduz apenas 7,7o de curvatura, depois de 52 semanas de tratamento invasivo, quando comparado ao placebo.
Notou-se que 84,2% dos pacientes que usaram o xiaflex apresentaram reação adversa local, como dor, vermelhidão, hematoma, inchaço. e etc.
Dos 558 pacientes tratados com a droga 3 tiveram que ser operados de urgência por rotura da túnica albugínea (parte interna do pênis) que foi corroia pela medicação.
A impressão que temos ao fim é que é uma droga que causa muitos efeitos colaterais e possui baixa resolutividade, pois retifica apenas 7,7o, quando comparada ao placebo.
Impacto Psicológico da doença de Peyronie – Revisão
Este trabalho de revisão foi publicado no Journal of Sexual Medicine (J Sex Med. 2012 Nov 15) e fala sobre o impacto psicológico da doença de peyronie.
A doença de Peyronie é uma doença complexa que gera uma deformidade em curvatura no pênis, produzindo efeitos negativos tanto físicos quanto psicológicos para o paciente. Depressão, dificuldade para ereção e relacionamento emocional são comumente afetados em homens que possuem a doença.
O desafio imposto pela doença de Peyronie incluem alterações no relacionamento sexual, restrição de intimidade, depressão, isolamento social e estigmatização. Todos são ligados e reforçados um pelo outro.
É importante para o médico reconhecer estas alterações psicossociais associadas e saber acessá-las ativamente, tanto com o paciente quanto com a parceira, para melhorar a qualidade de vida e promover um tratamento adequado deste paciente.
Injeção Intratunical de Células Tronco Derivadas do Tecido Adiposo Previne Fibrose e é Associada a Melhora da Função Erétil em Modelo de Rato da Doença de Peyronie.
Trabalho publicado no European Urology mostrando que a o uso de células tronco, quando injetadas na túnica albugínea (penis), previne a formação fibrosa e a degradação das fibras elásticas no corpo cavernoso, o que gera a doença de Peyronie. A idéia é que no futuro se possa usar esse tratamento nos pacientes que iniciam a doença, isto é, na fase agura, impedindo o aparecimento da doença.
Efeito do tamanho do defeito da túnica, após excisão da placa do Peyronie, na função erétil pós-operatória: Realmente os centímetros importam?
Trabalho interessante, publicado na revista UROLOGY (Urology. 2012 Nov;80(5):1051-5).
O autor conclui que a excisão da placa e o enxerto com pele deve ser recomendado apenas para pacientes com doença de Peyronie com boa capacidade de ereção, com um desvio grande (que não pode ser corrigido apenas por uma plicatura), para pacientes que não aceitam nenhum encurtamento do pênis e se o tamanho do defeito da túnica (pênis) for < 3cm. Não se deve exceder um defeito de 3 cm, pois quanto maior o defeito, maior a chance de disfunção sexual erétil.
Este trabalho é mais um na literatura que demonstra a necessidade de se reduzir a área do enxerto para se reduzir também a chance da perda da rigidez peniana no pós-operatório.
Doença de Peyronie: Continua uma Doença Cirúrgica
Artigo publicado no ADVANCES IN UROLOGY (Adv Urol. 2012; 2012: 206284).
Até o presente momento não há nenhum dado de alto nível, baseado em evidência, que sugira qual o melhor tratamento cirúrgico para a doença de Peyronie. A escolha do tratamento perfeito deve ser determinado por uma via dupla de conversa entre o urologista e o paciente, levando-se em conta a severidade da doença, preferência do paciente e o conforto do cirurgião. Existem estudos comparando diferentes modalidades cirúrgicas mas os resultados não são consistentes. Os grandes problemas incluem falta de um regime de treinamentos padrão, facilitando o ensino; baixa incidência da doença, fazendo com que poucos médicos consigam acumular vasta experiência no assunto. Em nossa impressão o tratamento cirúrgico é atualmente a única modalidade de tratamento que fornece um resultado agudo e satisfatório para a deformidade associada à doença de Peyronie.
Estudo fase 2b de eficácia clínica e segurança da colagenase histolitica clostridial (xiaflex) em pacientes com a doença de Peyronie
Estudo publicado no Journal of Urology (J Urol. 2012 Jun;187(6):2268-74) mostrando os resultados do uso do xiaflex.
Foi visto que a injeção do xiaflex, sem nenhuma outra intervenção mecânica, não resultou em melhora da curvatura. Apenas no grupo em que se injetou o xiaflex + modelamento (forçar mecanicamente o pênis para o lado oposto) é que se observou uma melhora de 11 graus ao final. Percentualmente foi uma melhora de 29,7% da curvatura original.
Este trabalho mostra o que já se sabia. Que o xiaflex não é uma panacéia que irá solucionar o problema dos pacientes com a doença de Peyronie. Talvez seja uma solução para os paciente que apresentam uma pequena deformidade, algo menor que 20-30 graus de desvio.
Vejo muitos pacientes mal informados sobre o xiaflex, achando que é a solução para os seus problemas. É um comentário comum quando os pacientes chegam para a consulta.